Estou a ler o livro "Comer, Orar, Amar - de Elizabeth Gilbert"
.....excerto Cap. 100, pág. 338....
" - E esses casais já têm todos filhos? - perguntei.
- Têm bebés! - confirmou ela orgulhosa. - É claro que têm.
Mas depois a Wayan confidencia algo extremamente interessante. Disse que um casal que não tiver a sorte de conceber um filho, ela examina ambos para determinar, como eles dizem, de quem é a culpa. Se for da mulher, não há problema - a Wayan pode tratar disso com técnicas de cura antigas. Mas se for do homem, isso é uma situação delicada no sistema patriarcal de Bali. As opções médicas de Wayan são limitadas neste caso porque está fora de questão informar um homem balinês da sua esterilidade. Eles acham que isso não pode ser verdade. Os homens são homens, no fim de contas. Se não ocorrer gravidez, a culpa é certamente da mulher. E se a mulher não lhe der um filho em breve, pode ficar em grandes apuros... ser espancada, humilhada ou acabar divorciada.
- Então o que fazes nessa situação? - perguntei, impressionada pelo facto de uma mulher que ainda designa o esperma por água de banana conseguir diagnosticar a infertilidade masculina.
A Wayan contou-nos tudo. Aquilo que faz nesse caso é informar o homem de que a mulher é infértil e precisa de ser consultada em privado todas as tardes para sessões de cura. Quando a mulher vem à loja sozinha, a Wayan chama um jovem garanhão da aldeia para ir lá e ter sexo com ela, na esperança de gerar um bebé.
O Filipe estava siderado.
- Wayan, não!
Mas ela limitou-se a acenar calmamente que sim:
- É a única forma. Se a mulher for saudável, terá um bebé e toda a gente fica feliz.
O Filipe quis imediatamente saber, já que vive ali na cidade:
- Quem? Quem é que contratas para esse trabalho?
- Os motoristas - respondeu a Wayan.
O que nos fez rir a todos porque Ubud está cheio desses jovens, desses motoristas que se sentam pelas esquinas e assediam os turistas que por ali passam com a pergunta: Transporte? Transporte?, tentando ganhar uns trocos a conduzi-los aos vulcões, às praias ou aos templos. Na generalidade, são homens bem parecidos, coma sua pele à Gauguin, corpos tonificados e bonito cabelo comprido. Na América, far-se-ia bom dinheiro a gerir uma clínica de fertilidade para mulheres cheia de belos rapazes como aqueles. A Wayan diz que a melhor coisa no seu tratamento de infertilidade é que os motoristas normalmente nem sequer pedem nenhum pagamento pelos seus serviços de transporte sexual, sobretudo se a mulher for gira. O Filipe e eu considerámos que se tratava de uma comunidade muito generosa! Nove meses depois, nascia um belo rapaz. E toda a gente ficava feliz. O melhor de tudo era que não seria necessário acabar com o casamento, porque todos sabíamos como era horrível acabar com um casamento, sobretudo em Bali.
- Meu Deus, que papalvos, nós homens, somos! - disse Filipe."
adorei o livro! :)
ResponderEliminarNão é de todo um excerto do livro que reflicta algo da sua essência, mas achei imensa piada a este episódio :)
ResponderEliminar