sexta-feira, 19 de abril de 2013

Amar! mas d’um amor que tenha vida…
Não sejam sempre tímidos harpejos,
Não sejam só delírios e desejos
D’uma douda cabeça escandecida…
Amor que vive e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser — e não só beijos
Dados no ar — delírios e desejos —
Mas amor… dos amores que têm vida…
Sim, vivo e quente! e já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços
Como névoa da vaga fantasia…
Nem murchará do sol à chama erguida…
Pois que podem os astros dos espaços
Contra débeis amores… se têm vida?


- Antero de Quental, in ‘Sonetos’


Foto: Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
A cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que eu vou te amar
E cada verso meu será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência sua eu vou chorar
Mas cada volta sua há de apagar
O que essa ausência sua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida...


Eu Sei Que Vou Te Amar - Vinícius de Moraes





De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
'Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure!'

Soneto de Fidelidade - Vinícius de Moraes
Pintura
Tristão e Isolda - Arte by Marc Fishman

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