"Eu sei o que tens, percebo perfeitamente o que sentes, passei por isso e digo-te já que foi insuportável, aliás, uma merda. Sabes que não sou de mentiras, nem de rodeios, se hoje sentes que o mundo à tua volta acabou, podes ter a certeza que amanhã vai ser muito pior, e enquanto não chegares ao pico, aquele ponto em que já nem sabes se te sentes mal ou se nem sequer te sentes a ti próprio, então sim, estarás perto da tua cura, porque é do fundo que te conseguirás erguer. Não te iludas, o tempo remedeia o que sentes mas não pode fazer nada contra a tua memória, as recordações permanecerão como se fossem uma música que cada vez que te toca, faz lembrar tudo o que já não podes ter, e quando ela tocar sabes bem que vais dançar sozinho.
Meu amigo, e sabes que os bons amigos são rigorosamente presentes, deixa-te ir nesse desgosto, nessas lágrimas dilacerantes, no desassossego de quem foi deixado ao acaso, esquecido por não ser correspondido, porque apenas desta forma, através da dor, irás perceber que o mundo é bem maior do que aquilo que tu sentes. Desculpa o paradoxo, mas acho que a dor vai ser a tua melhor aliada, ela vai mostrar-te, todos os dias, o porquê de não quereres voltar para trás, funcionará como um implacável dissuasor nos momentos em que a tua memória romper-te coração adentro.
Não te culpes por passares horas a olhar para o telefone, por ficares em casa sem saber para onde ir, por teres a curiosidade mórbida de saber o que se passa, ou por recusares todos os convites de quem te quer fazer rir, porque tudo isto faz parte da tua regeneração, juro..., meu irmão. A tua indisponibilidade para o que te rodeia é o espelho da sinceridade sobre o que sentes, obviamente. Não tenho resposta para tudo, mas olha que o sorriso de quem sofre é tão evidente como o de quem diz que ama e mente compulsivamente.
Sim, eu sei que tu vês, está nos teu olhos, afinal de contas não estás doente, apenas sofres por amor."
- Bruno Gonçalves
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