sábado, 20 de fevereiro de 2016

Em contradição.


As pessoas não mudam, na verdade nunca foram como eu pensava. Sem sabermos muito bem como, a verdade é que um dia, numa situação muito simples e comum, acabamos por ter que abrir os olhos. Pode até ser o caso de uma relação que já dure há cinco meses ou cinco anos com certa pessoa, quando, de repente nos apercebemos de como ela é de verdade. E pode ser com toda a sua crueldade
É aí que muitos dos seus sonhos são arrasados, que escapam as ilusões e esperanças. Porque vivemos todo esse tempo com a máscara da fascinação ou de um amor cego que nos impedia de ver a verdade autêntica.

Ninguém pode conhecer as pessoas em profundidade rapidamente. Isso requer tempo, cumplicidade e momentos chave que nos abrem os olhos. Até que isso ocorra, muitas vezes temos a tendência a idealizá-las ou atribuir-lhes dimensões extraordinárias; mas pouco a pouco, os véus vão caindo…

É claro que às vezes as pessoas realmente podem mudar. As circunstâncias fazem-nos mudar, as experiências vividas também. Contudo, todos nós dispomos de uma essência inconfundível, um tipo de personalidade, integridade e valores que costumam ser constantes ao longo do tempo.
Está nas nossas mãos saber perceber a tempo, saber ler os gestos, saber intuir nas palavras, saber deduzir das atitudes. E às vezes o amor é um filtro traiçoeiro na hora de sermos objectivos, mas devemos manter o coração aberto e os pés no chão. Vivemos amarrados às raízes do equilíbrio e da auto-protecção.
No início todos nos esforçamos para sermos semelhantes aos outros. Muitas vezes somos nós mesmos que procuramos encaixar as nossas arestas e vazios particulares com os do seu companheiro, ou companheira, para que tudo tenha a mais perfeita harmonia …

Entretanto, muitas dessas uniões surgem mascarando ou disfarçando carências próprias. Ou ainda pior, mostrando virtudes que não são reais. De nosso lado, vemos o companheiro como “completo”, quase idílico, sem perceber máscara alguma.

Mais cedo ou mais tarde surge a primeira decepção. Não sabemos como, nem entendemos como é que a outra pessoa foi capaz de fazer ou dizer tal coisa, mas aconteceu e não podemos fazer nada para mudá-lo.

Pouco a pouco vão surgindo situações tão reveladoras em que as pessoas são postas à prova, e é aí que surge a sua verdadeira essência, a sua autêntica personalidade. O que aconteceu? Como podem ser tão diferentes do que eram no início da relação?
É preciso aceitar que as pessoas não mudam da noite para o dia.
Na verdade, há pessoas que não são como nós achávamos no início.

E essa descoberta costuma ser desoladora.

E como aceitar que a pessoa de quem gostamos não seja como pensávamos no início? Este tipo de situação é uma realidade muito comum no dia-a-dia, e de facto não acontece unicamente entre casais. Acontece também entre amigos e inclusive entre muitos outros vínculos familiares.

As pessoas não mudam da noite para o dia, nem costumam mudar com o tempo. Na verdade, é o próprio tempo que permite ver a verdade.

Não existe uma fórmula mágica que nos permite ver à partida como as pessoas são de verdade. De facto, muitas vezes nem elas mesmas sabem. É preciso compartilhar momentos, experimentar vivências para que seja a própria vida a trazer à luz as penumbras e belezas interiores.

Apesar de ser complicado, há alguns aspectos que devemos considerar. É muito comum pessoas andarem pelos salões da vida cobertos pelas suas próprias máscaras de sedução, e não vale a pena tentarmos colocar uma venda nos olhos para completar. Evite idealizar. Tire conclusões através das palavras, das atitudes, dos gestos e também dos silêncios. Uma pessoa não se conhece pelos títulos que atribui a si mesma, e sim pelos detalhes de onde se pode intuir.
Esperar que alguém mude por nós, é um erro no qual muitos costumamos cair. Às vezes pode acontecer de sabermos de antemão como é uma certa pessoa. Conhecemos os seus defeitos e sabemos que pode nos prejudicar. No entanto, aceitamos e queremos convencer-nos de que “ele vai mudar”.

Infelizmente, isso não costuma acontecer. Não é comum que as pessoas mudem a sua forma de ser, os seus costumes, as suas necessidades, as suas características. E, se continuamos numa espera infinita e inútil, na qual a nossa auto-estima e as nossas esperanças desaparecem, é algo muito perigoso.

O problema das pessoas sinceras é que elas pensam que os outros também o são. Por isso é tão difícil ver o que os outros escondem sob as suas máscaras.

A mente é maravilhosa


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Soneto XVII « A dança »


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma. 

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

O Teu Riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar,
Mas não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito jorra na tua alegria,
a repentina bondade prata que em ti nasce.

A minha luta é dura
e regresso por vezes com os olhos cansados de terem visto a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra, sobe ao céu à minha procura e abre-me todas as portas da vida.

Meu amor, na hora mais obscura, desfia o teu riso e se,
de súbito, vires que o meu sangue mancha as pedras da rua, ri, porque o teu riso será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

Perto do mar no outono,
o teu riso deve erguer a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa da minha pátria sonora.

Ri-te da noite, do dia, da lua,
ri-te das ruas e das curvas da ilha,
ri-te deste rapaz desajeitado que te ama,
mas quando abro os olhos e os fecho,
quando os meus passos se forem,
quando os meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca porque sem ele morreria.


 « Poemas de amor de Pablo Neruda.»

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Para descansar a alma


Arranja um cantinho sossegado e uma almofada gostosa. 
Acende um incenso de sândalo. 
Senta-te com as costas bem rectas. 
Coloca as mãos sobre os joelhos, com as palmas para cima e balança o corpo lentamente da esquerda para a direita, de movimentos maiores a movimentos menores, como um pêndulo, até encontrar o centro de equilíbrio do corpo. Pára aí. 
Inspira profundamente e solta o ar lenta e completamente pela boca. 
Relaxa os ombros. Inspira novamente e solta o ar pela boca. 
Agora cerra os lábios, coloca a ponta da língua no céu da boca e respire pelas narinas.
Mantenha os olhos entreabertos, apenas pousados à tua frente.
Escuta todos os sons. Sente todas as fragrâncias. 
Percebe o ar, a temperatura da sua pele. 
Em que estás pensando? Ou não estás pensando? 
Verifica a tua postura. Costas erectas e a cabeça como se um fio a puxasse para o céu. 
Pernas firmes pela força da gravidade. Não julgues, nem certo nem errado, nem bonito nem feio. Sê apenas. 
Apenas sentar. Intersendo com tudo que existe. Que bom estar viva. Este instante aqui e agora é o céu e a terra. Isso é tudo. Tudo é nada.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

# deixa, larga da mão e abre espaço para a felicidade


se as coisas não avançam por nada, se há sempre desculpas para tudo, se nunca há tempo para ti, se a chave não gira e as portas não abrem... 
deixa, larga da mão, abre espaço para a felicidade, a tua, e começa por responder a ti mesma:
- o que te faz bem,
- o que te faz mal,
- o que não te faz falta nenhuma.
porque às vezes, a vida precisa mesmo de dar uma volta de 180º. E sabes? está tudo bem!
porque muitas vezes, o melhor mesmo é deixar que o mundo volte a girar ... 
e que a vida saiba levar 
e que as pessoas e as coisas possam voltar ao lugar onde pertencem....
seja mais perto ou mais longe de ti.




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

É bom saber que há um sítio que nos acalma a alma. Que no meio do turbilhão da vida, continua a haver um porto de abrigo. Que continuas a apaziguar os meus dias só porque sim. Só porque és o meu sítio. Mesmo que reclame, mesmo que fique fora de mim. Mesmo que isso me corroa. Mesmo nas vezes em que não te entendo. Mesmo nas vezes que não deveria desculpar-te ou entender-te. Mas sou assim. Quando gosto prefiro esquecer e avançar. 
Quando gosto enterro e sigo. Sem ressentimentos ou mágoas guardadas. Quando gosto. Gosto sempre. Gosto lealmente. Gosto incondicionalmente. Nos dias bons e maus. Quando gosto, gosto sempre.

- Rita Leston -

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Ainda o amor ... olhos-nos-olhos

Como é tão fácil dizer já nada sentir? Já não há amor ... E tão fácil?
Porque será que não acredito que esse sentimento acabe assim, num estalar de dedos, quando foi construído tijolo a tijolo, dia após dia, minuto após minuto, briga após briga. Assim se constrói um amor verdadeiro, mais ou menos forte e sentido, mas há amor...


E é assim tão fácil não correr, não lutar, não querer mais, tudo, 
e simplesmente viver num lugar vazio onde antes havia amor, união, carinho, amizade e compreensão?

É triste o modo como tudo acaba e às vezes sem se saber o porquê de tudo acabar. E acaba, mas o amor vai e volta, porque há coisas que nunca se esquecem, nem pessoas...



Tudo é diferente ... olhos-nos-olhos

Diz o que tem que ser dito 
onde quer que seja 
não deixes nada por dizer!! 
Nada melhor e mais real do que tudo o que é dito olhos nos olhos.
Aí as palavras têm mais valor 
e o acto em si tem outra importância.
Tenha dignidade e atitude na hora de libertar tudo o que vai na tua alma 
que o coração tem todas e mais algumas formas de o fazer ....  
mas não deixes nada por dizer.
Liberte esse desespero de dentro de ti ... sempre! 

Por mais resilientes que sejamos, jamais devemos em circunstância alguma, guardar as palavras que nos consomem. 
Não se trata de crueldade ou imaturidade, trata-se da transparência que devemos àqueles a quem queremos bem!


E eu estou completamente de acordo!

Sometimes, the way is ...