sexta-feira, 30 de março de 2012

o que ainda é muito mais

" Se és capaz de manter a tua calma 
quando todo mundo em teu redor já a perdeu e te culpa, 
de crer em ti quando estão todos duvidando
e para esses, no entanto, achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares, 

ou, sendo enganado, não mentir ao mentiroso,
ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares 
e não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores

de pensar - sem que só a isso te atire, e
encontrando a desgraça e o triunfo, 
conseguires tratar da mesma forma a estes dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas

as verdades que disseste 
e as coisas porque deste a vida estraçalhadas, 
e refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada 

tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, e perder 
e, ao perder, sem nunca dizer nada, 
resignado, tornar ao ponto de partida; 

De forçar coração, nervos, músculos, tudo, 

a dar seja o que for que neles ainda existe,
e a persistir assim 
quando, exausto, contudo resta a vontade em ti, 
que ainda ordena: "Persiste";

Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes

e, entre reis, não perder a naturalidade,
e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;

Se a todos podes ser de alguma utilidade; 

se és capaz de dar, segundo por segundo, 
ao minuto fatal todo o valor e brilho, 
tua é a terra com tudo o que existe no mundo.

E - o que ainda é muito mais - és um Homem,  meu filho. 


 Rudyard Kipling "



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