Acontece-me muito ficar ansiosa se não consigo fazer o que tenho na ideia, e começo a perder aquela euforia (se é que assim se lhe pode chamar) do momento em que pensei e que achei que era o momento certo. Parece que algo dentro de mim esmorece e me tira a vontade, apesar de a minha consciência estar sempre a bater-me dizendo: olha!... faz!... tens que fazer!... tens que ir!... vai!... e não sai do meu pensamento.
Em tempos costumava comentar (desabafar) com a colega que sai à mesma hora que eu, mas acabei por evitar até sair quando ela, porque a nossa conversa transformava-se sempre numa espécie de reacção afirmativa da parte dela, que quase me convencia de que de algumas coisas estavam mal porque eu devia fazer assim e tal ... e devia obrigar os outros a fazer também ... porque nós devemos pensar primeiro em nós e só depois nos outros (ainda que sejam nossos filhos). Aquela situação transformava o meu desabafo em frustração.
Procurando encontrar alguém das minhas actuais relações que eu entenda servir de contentor das minhas mágoas, cheguei à conclusão de que mais vale estar calada, que quando o meu saco estiver muito cheio ele vai acabar por deitar fora, o que eu espero não aconteça porque aí as coisas pioram.
Percorro com o pensamento, as amizades que fiz e se desfizeram ao longo da vida, aquelas que se foram mantendo mas não correspondem às minhas expectativas, penso nos irmãos e nas primas, das mais próximas às mais afastadas, aquelas que tinha na infância e aquelas que só conheci mais tarde, e não encontro um portão florido que me acaricie à chegada, e cujo perfume das flores eu possa levar à saída.
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