Ir embora é importante para que se entenda que não somos assim tão importantes, que a vida segue, com ou sem a gente por perto. As pessoas nascem, morrem, casam, separam-se, e resolvem os problemas que antes acreditávamos que só nós podíamos resolver.
É simultâneamente chocante e libertador – ninguém precisa de nós para continuar a sua vida. Nem a sua mãe, nem o seu pai, nem o seu ex-patrão, nem sua empregada, nem ninguém. A maioria de nós tem uma noção muito distorcida da importância do seu próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Aprenda a lidar com isso.
É preciso ir embora.
Ir embora é importante para que vejamos que somos muito importantes sim! Seja por 2 minutos, seja durante 2 anos, quem sente sua falta não sente menos ou mais porque você foi embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda.
Algumas pessoas nunca vão esquecer o nosso aniversario, quer a gente esteja aqui ou na Austrália.
Essa conversa de “que saudades de ti, temos que nos ver um dia destes" é politica barata.
Quem sente a nossa falta vai sempre sentir e agir. E não se preocupe, que tudo acontece naturalmente. Não deixará nunca de existir aquele grupinho especial que vai terminar a frase: “Que saudades" ... com um “por isso é que te mando essa musica para tu ouvires (a nossa música)", ou então "já comprei o bilhete de avião ” ou mesmo “desce, que eu vou passar aí agora mesmo!”.
Então, vai embora.
Vai embora do trabalho que te atormenta.
Daquela relação que tu sabes que não vai dar certo.
Vai embora da vida daqueles que só estão presentes quando lhes convém.
Vai embora da casa dos teus pais.
Do teu país.
Vai embora, por alguns minutos, alguns anos, ou para o resto da vida.
Ausenta-te, nem que seja para te encontrares contigo mesmo.
Quanto voltares – e se voltares – vais ver as coisas de outra perspectiva, como de lá de cima do avião.
As desculpas e preocupações podem deixar de existir se a gente decidir encará-las como elas realmente são – do tamanho de formigas.
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