Há muito que nos habituamos a não fazer grandes perguntas, talvez porque na resposta havia sempre uma pergunta (porquê?) e quando as respostas não são espontâneas as perguntas tornaram-se escassas, como as respostas. Quando pai ou mãe perguntam é sempre com o melhor sentido, com o sentido de saber, por exemplo, se o que está a fazer relativamente aos filhos é bom ou mau, não será bem nem mal, será como é ou como pode ser, o melhor que sabe, o que acha melhor, mas sempre pensando na melhor maneira, e a resposta do filho é o "feed-back" que precisa de sentir. A mãe ouve na escola que ele é bom aluno, que é um bom rapaz, que é muito educado, que é já um cidadão como gostariam que fossem todos, ou pelo manos a grande maioria. A mãe ouve também fizer na escola que com ela, a filha, nunca há problema nenhum, está tudo bem, aliás, podia melhorar, podia fazer-se ouvir mais para que dessem mais pela sua presença na sala de aula. O pai escuta orgulhoso aquilo que a mãe lhe conta, do que lhe vai sendo transmitido na escola.
Nos dias de hoje (presente e também já com algum passado) uma mãe tem múltiplas tarefas, múltiplas funções, múltiplas responsabilidades, múltiplas ondas em simultâneo. E sente que não as consegue sintonizar todas, não porque ela não tente, ela tenta, ela quer, ela é ... e não chega.
E com o passar do tempo, ela cada vez mais sente o perigo em cada esquina, em cada cruzamento, em cada caminho onde as luzes ainda não acenderam e já escureceu. A preocupação é muita, toma conta dela e sem que ela dê por isso, instala-se. Fica ali dentro, passa a fazer parte da sua rotina, ocupa um lugar que ela nem sabia que existia. É o medo, sim agora é medo, e ela pensava que era só uma preocupação. No entanto há sempre mais uma e outra e outra ainda, que lhe deixam o rosto menos sereno, mais duro, e um coração mais débil, como uma carência permanente, talvez de uma resposta simples, uma simples resposta a todas aquelas perguntas que lhe perturbam a consciência, e ela já nem sabe onde está, como está ou se apenas existe. Quantas perguntas, quantos medos, ela nem quer saber o porquê de tanta insegurança.
Nada nem ninguém lhe diz o que deve fazer ou que está a fazer bem, que é isso que deve fazer, e por dentro toda ela treme enquanto veste aquela máscara de mulher forte, que não é mas quer ser e quer fazer e quer estar lá ... sempre, ainda que quase sempre não consiga ver-se, acha que está algures num canto, muito calada e escondida, para que a sua voz não ocupe o espaço que ela sente que já não tem (e precisa) Onde? Onde, se ela mesma não se vê ali, se sente que não faz parte, onde todos entram e saem e não dão por ela. A mãe sente-se invisível e fica triste por pensar que ninguém sentiu a sua presença, a presença dela ...
Ela não tem pressa, mas quer aprender a andar antes que o mês acabe, este mês de maio (mês de mãe) mês de Maria. Ela está com esperança que vai conseguir.
sexta-feira, 29 de maio de 2015
quarta-feira, 27 de maio de 2015
sexta-feira, 22 de maio de 2015
quinta-feira, 21 de maio de 2015
terça-feira, 19 de maio de 2015
Eu vou amar a vida, aconteça o que acontecer.
A dada altura da minha vida instalou-se em mim um sentimento que deixou na minha consciência uma espécie de medo que se tornou contínuo de que, de cada vez que eu me sentia bem e estava feliz, alguma coisa de mal acontecia. E era como se eu não tivesse o direito de estar feliz, porque logo a seguir eu ia me defrontar com um situação problemática cada vez mais frequente. E a frequência com que acontecia, foi-me deixando num estado de alerta permanente, que foi acabando com a minha alegria, apagando a minha vida.
Mas eu estava errada, porque esse problema iria acontecer fosse qual fosse o meu estado de espírito e não só porque eu estava feliz. E se isso ia acontecer então melhor seria eu estar feliz, porque a minha tristeza (ou apatia) não tinha o poder de alterar as coisas. Eu podia optar por continuar a ser feliz, mas como é que eu podia ser feliz se logo logo enfrentaria situações de tristeza? Parece que eu optei por criar uma barreira e com ela eu me defendia do impacto causado pelo sofrimento e pela tristeza que vinha a seguir. Eu não sofreria tanto! Hoje vejo como estava enganada, porque esse estado de "consciência" se instalou em mim e hoje faz parte do meu quotidiano.
Mas eu estava errada, porque esse problema iria acontecer fosse qual fosse o meu estado de espírito e não só porque eu estava feliz. E se isso ia acontecer então melhor seria eu estar feliz, porque a minha tristeza (ou apatia) não tinha o poder de alterar as coisas. Eu podia optar por continuar a ser feliz, mas como é que eu podia ser feliz se logo logo enfrentaria situações de tristeza? Parece que eu optei por criar uma barreira e com ela eu me defendia do impacto causado pelo sofrimento e pela tristeza que vinha a seguir. Eu não sofreria tanto! Hoje vejo como estava enganada, porque esse estado de "consciência" se instalou em mim e hoje faz parte do meu quotidiano.
Estou a trabalhar no processo de inversão (ou reversão) desse mesmo estado, estou a trabalhar numa aprendizagem de ser feliz sem consequências. Não é fácil, mas sei que vou conseguir. Essa coisa ruim veio, tomou conta da minha vida por um tempo, mas agora chegou a minha vez de dizer chega! De agora em diante vou confiar mais no poder que tenho dentro de mim e que me vai transformar numa pessoa diferente daquilo que tenho sido durante estes anos todos. Agora eu vou passar a amar a vida, aconteça o que acontecer.
"A MINHA AMIGA MAIS FELIZ"
« Às vezes não percebo que haja tanta gente a viver numa consciência envergonhada de ser feliz, como se a tristeza fosse a maturidade da vida e um adulto feliz fosse um palhaço por disfarçar. Pouco me interessa se a alegria em excesso possa ser confundida com uma bebedeira em vida. Problemas, toda a gente tem, é um facto. Também nem toda a gente nasce com a sorte de ter um plug-in que dá “amonas” valentes a tudo o que tenta minar essa construção. Nem sequer lhe dou a importância de construir um abrigo, acho que quando nos defendemos muito, o inimigo anima-seÉ inevitável, a tristeza irrompe sempre pela vida, o importante mesmo é não lhe dar conforto que chegue para se instalar. Como aquelas pessoas chatas que, para apressar, recebemos em pé.Penso imensas vezes sobre as razões porque insisto tanto em ser feliz. Acho que à força de querer tanto, já não sei ser outra coisa.E não tenho medo nenhum de o afirmar, porque também existem uns tantos teóricos da vida que acham que as coisas boas se guardam no cofre, eu prefiro saldar gargalhadas numa venda de garagem. Acho que é inegável que existe uma cumplicidade grande entre o sofrimento bem digerido e a maturidade. As melhores pessoas que conheço não são as tristes, são aquelas que digeriram a tristeza da vida e converteram isso em fermento de carácter. E essas pessoas, também não são aquelas que passam a vida a acusar a sua condição de orfandade para se fazerem grandes, empoleirados na tristeza. São aqueles que choraram na altura certa, que deram o desconto ao sadismo da vida, que condescenderam desde novos com as incongruências do destino, que não desistiram dos seres humanos só porque nem tudo era perfeito, nem ficaram reféns na procura passiva do sentido de justiça. Essas são as pessoas TOP! São os amantes da vida. A malta que aprendeu a sacudir a poeira dos maus momentos com património de felicidade, são os que acreditam genuinamente nas pessoas e por isso ainda se surpreendem, são os que perceberam a dimensão do tempo e por isso conseguem viajar a partir de qualquer lugar. Essas pessoas que conheceram a evidência mais crua da vida são as que mais conseguem criar, são as que olham para uma planície árida e imaginam uma floresta imensa. Essas pessoas sentem-se responsáveis por animar o mundo, só porque se sentem agradecidas por serem animadas. Essas pessoas são guerreiras porque acreditam que o sentido maior da paz nasce na tranquilidade serena de aceitar que algumas batalhas da vida são feitas para perder.A dimensão do tempo é a dimensão da vida. O passado tem apenas o efeito edificante de nos lançar para o futuro e o presente é o lugar em que acontece tudo. Ninguém cuida muito das pessoas felizes porque elas parecem estar sempre bem. E as pessoas felizes sabem que têm de estar bem porque aprenderam a cuidar de si mesmas.Não sei se sou uma amiga feliz, mas sei que enquanto eu puder vou vivendo, sem medo de ser apenas feliz.»
A minha amiga mais feliz (na minha versão)
segunda-feira, 18 de maio de 2015
O que revela a nossa força é a coragem de avançar, ainda que com medo.
É a vontade de viver, mesmo que já tenhamos morrido um pouco ou muito, aqui e ali, pelo caminho.
É a intenção de não desistirmos de nós mesmos, por maior que às vezes seja a tentação.
São os gestos de gentileza e ternura que somente os fortes conseguem ter.~
(Ana Jácomo)
sexta-feira, 15 de maio de 2015
E, hoje, o que me falta é o abraço.
" O abraço que me aqueça a noite.
O abraço que me transborde a alma.
O abraço que adormeça o mundo e que me acorde o corpo.
O abraço.
E, hoje, o que me falta são os braços.
Os braços que não me soltam. Que me agarram e não me deixam cair.
Os braços que me devolvem a serenidade e me ensinam a segurança.
Os braços.
E, hoje, o que me falta são as mãos. As mãos em mim.
As mãos que tão bem me sabem acordar.
As mãos que melhor me sabem adormecer.
As mãos irrequietas que brincam e as que no sossego afagam.
As mãos.
E hoje, o que me falta és tu. E as tuas mãos. E os teus braços. E o teu abraço."
- Rita Leston -
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Amar infinitivo
Amar é o não ter tempo.
Não ter tempo para perder.
Não ter tempo para desculpas ou faltas de vontade.
Amar é não saber se se está pronto (nunca se está), mas mesmo assim arriscar.
Amar é não ter tempo para dúvidas e hesitações.
Quem ama não hesita e muito menos tem tempo para dúvidas.
Ama e pronto. Quer e vai.
Amar é contornar tempos e aproveitar minutos.
É inventar horas, onde não se tem dias.
Amar é o tudo por tudo e o tempo para tudo.
Amar é não ter tempo ... a perder.
Encosta-te só mais um pouco. Chega-te só mais um bocadinho.
Abraça-me durante só mais algum tempo.
Não me apetece começar o dia. Não me apetece o dia lá fora.
Apetece-me, ao invés, ficar sossegada no teu abraço.
Apetece-me sonhar só um pouco mais.
Envolve-me só mais um instante nos teus braços.
Dá-me só mais um pouco de mimo para enfrentar o dia.
Só mais um beijo que aquece o Inverno.
sábado, 9 de maio de 2015
quinta-feira, 7 de maio de 2015
Sozinho com Deus!
"A prece maior é ser feliz por nada.
É agradecer por tão pouco.
É amar até quem não nos ama.
É respeitar os limites, os medos, as diferenças.
É perdoar as ofensas, os erros, os espinhos.
É ter os olhos voltados para o Sol.
É ter um coração tranquilo.
É levar uma semente de esperança onde a flor da vida já secou.
A prece maior a gente não faz ajoelhado, a gente faz é sorrindo."
quarta-feira, 6 de maio de 2015
"Abraça a vida"
Abraça a vida. E deixa que ela te abrace a ti.
Abraça a saudade.
Abraça a felicidade. A paz e a vontade.
Abraça o beijo. O carinho e o desejo.
Abraça-me.
Abraça a vida. E deixa que eu te abrace a ti.
- Rita Leston -
Abraça a saudade.
Abraça a felicidade. A paz e a vontade.
Abraça o beijo. O carinho e o desejo.
Abraça-me.
Abraça a vida. E deixa que eu te abrace a ti.
- Rita Leston -
Há dias em que me sinto pequena. Em que apenas apetece o colo e um abraço. Dias em que o mundo é um lugar grande demais. Onde o tempo é demasiado longo. Onde o silêncio faz demasiado barulho.
Há dias em que me sinto demasiado pequena. Demasiado pequena para ser ouvida. Demasiado pequena para me querer fazer ouvir. Demasiado pequena para saber pedir.
Dias em que sou metade do tamanho. Mas sou saudade por inteiro. Desejo imenso. Vontade completa. De ti. Do teu abraço lento. Do teu beijo vagaroso. Do teu afago calmo.
- Rita Leston -
Há dias em que me sinto demasiado pequena. Demasiado pequena para ser ouvida. Demasiado pequena para me querer fazer ouvir. Demasiado pequena para saber pedir.
Dias em que sou metade do tamanho. Mas sou saudade por inteiro. Desejo imenso. Vontade completa. De ti. Do teu abraço lento. Do teu beijo vagaroso. Do teu afago calmo.
- Rita Leston -
Não sei ser só um bocadinho!
"Há alturas em que não me sinto deste tempo. Onde tudo é descartável e fácil. Onde se coloca no lixo aquilo com o qual não nos apetece lidar. Onde não é necessário empenharmo-nos no que dá trabalho, pois do outro lado da rua se encontra com facilidade uma outra opção disponível e menos trabalhosa. Que até sorri e é leve e fácil.
Não sou deste tempo onde se acha que se ama, mas assim que algo treme, se dá um passo atrás e se decide ir em busca de algo que não nos desnorteie as ideias. Em sucessão. Buscando em vão uma relação perfeita. Ou que, por e simplesmente, não nos mace e dê dores de cabeça. Não dando tempo, sequer, para perceber o que poderia - ou não - resultar. Onde é mais fácil desistir do que persistir.
Decididamente, não sou deste tempo fácil e de descarte automático. Onde se sente pouco e em doses controladas. Não sei entrar pela metade de mim, resguardando o resto para, no caso de correr mal, os estilhaços não serem por inteiro.
Dou-me sem nunca aprender e não fazendo pagar a quem chega as atitudes de quem se ausentou.
Não sei mostrar apenas a superfície de mim.
Não sei ser ao de leve.
Não sei ser só um bocadinho.
Não amo com facilidade mas, quando amo, amo com tudo de mim.
Amo, não sem espernear, tudo do outro.
No bom e no mau.
No fácil e no difícil.
Não sou deste tempo. E não quero aprender a ser."
domingo, 3 de maio de 2015
Acontece. Vai acontecer.
Temos muita coisa como certa.
Essencialmente ilusões.
Temos como garantido que amanhã será um dia como o de hoje,
que trará em si tudo o que nos é importante,
e que tantas, tantas vezes não sabemos valorizar, apreciar, desfrutar.
Sabemos desde o primeiro dia que pisamos esta Terra-mãe que o nosso tempo é contado.
Ainda assim... evitamos pensar nisso.
Talvez se não pensarmos não aconteça, não é?
Errado!
Acontece.
Vai acontecer.
Veremos todos os que amamos partir.
De uma ou outra forma.
A menos que partamos antes.
Sim, nós partiremos também.
E dói. Dói muito.
Poderia talvez não doer.
Se ao menos soubéssemos aprender a realmente desfrutar do que está. Presente. Aqui e agora.
Este é o meu maior desejo.
E transformo-o em palavras, para me relembrar, e relembrar-te, que o tempo urge.
E que hoje é o tempo de dizeres, sentires, fazeres, viveres.
Amanhã pode não existir.
Essencialmente ilusões.
Temos como garantido que amanhã será um dia como o de hoje,
que trará em si tudo o que nos é importante,
e que tantas, tantas vezes não sabemos valorizar, apreciar, desfrutar.
Sabemos desde o primeiro dia que pisamos esta Terra-mãe que o nosso tempo é contado.
Ainda assim... evitamos pensar nisso.
Talvez se não pensarmos não aconteça, não é?
Errado!
Acontece.
Vai acontecer.
Veremos todos os que amamos partir.
De uma ou outra forma.
A menos que partamos antes.
Sim, nós partiremos também.
E dói. Dói muito.
Poderia talvez não doer.
Se ao menos soubéssemos aprender a realmente desfrutar do que está. Presente. Aqui e agora.
Este é o meu maior desejo.
E transformo-o em palavras, para me relembrar, e relembrar-te, que o tempo urge.
E que hoje é o tempo de dizeres, sentires, fazeres, viveres.
Amanhã pode não existir.
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