terça-feira, 4 de novembro de 2014

O amor é o início. O amor é o meio. O amor é o fim.
O amor faz-te pensar, faz-te sofrer, faz-te agarrar o tempo, faz-te esquecer o tempo.
O amor obriga-te a escolher, a separar, a rejeitar.
O amor castiga-te. O amor compensa-te. O amor é um prémio e um castigo. O amor fere-te, o amor salva-te, o amor é um farol e um naufrágio. O amor é alegria. O amor é tristeza. É ciúme, orgasmo, êxtase. O nós, o outro, a ciência da vida.
O amor é um pássaro. Uma armadilha. Uma fraqueza e uma força.
O amor é uma inquietação, uma esperança, uma certeza, uma dúvida.
O amor dá-te asas, o amor derruba-te, o amor assusta-te, o amor promete-te, o amor vinga-te, o amor faz-te feliz.
O amor é um caos, o amor é uma ordem.
O amor é um mágico. E um palhaço. E uma criança.
O amor é um prisioneiro. E um guarda. Uma sentença.
O amor é um guerrilheiro. O amor comanda-te. O amor ordena-te. O amor rouba-te. O amor mata-te.
O amor lembra-te. O amor esquece-te. O amor respira-te. O amor sufoca-te.
O amor é um sucesso. E um fracasso. Uma obsessão. Uma doença.
O rasto de um cometa. Um buraco negro. Uma estrela. Um dia azul. Um dia de paz.
O amor é um pobre. Um pedinte. O amor é um rico.
Um hipócrita, um santo. Um herói e um débil.
O amor é um nome.
É um corpo. Uma luz. Uma cruz.
Uma dor. Uma cor.
É a pele de um sorriso.
Apenas o amor é real.
- Joaquim Pessoa  'Ano Comum'

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